Uma das coisas que mais me surpreende é que, enquanto o ciclismo profissional enfrenta sérias dificuldades para ir sobrevivendo, a vertente de ciclismo lúdico, só pelo prazer de andar de bicicleta em companhia de camaradas que partilham o mesmo prazer, o chamado cicloturismo, atrai de ano para ano, cada vez mais gente, apesar de se saber que os clubes e colectividades ligadas ao nosso desporto dispõem cada vez menos de meios para acudirem às necessidades dos praticantes desta modalidade. Isto passa-se aqui em Portugal, mas posso constatar exactamente o mesmo quando participo nas provas espanholas.
Respira saúde este nosso desporto! Ao invés de outras disciplinas, o nosso é um desporto onde se nota uma cada vez maior apetência para a sua prática, mesmo sabendo-se que não é uma modalidade barata, antes pelo contrário.
Constata a Federação espanhola que o número de licenças para profissionais, mas também para as camadas jovens cai tragicamente todos os anos, enquanto que as que são passadas para a vertente do cicloturismo têm sofrido um aumento apreciável, bem assim como tem subido drasticamente a quantidade de eventos de cicloturismo organizados no país vizinho. Não disponho dos números de Portugal, mas se pensarmos na imensidão de passeios que se organizaram no Algarve na passada época chegamos facilmente à mesma conclusão.
Tenho para mim que, se é verdade tudo o que acabo de escrever, então será hora para uma grande reflexão, e, as federações, as associações, e todas as entidades envolvidas com o ciclismo começarem a pensar se não terão que começar a orientarem-se cada vez mais para o cicloturismo, se bem que não descurando nunca as outras vertentes, nomeadamente a formação e o ciclismo jovem.
Estamos a meio de Janeiro, é certo que no privilégio do quentinho do Algarve, parecia um dia de Primavera, mas fico espantado com a quantidade de gente que acudiu a esta Bênção dos Ciclistas. Muitos, tantos que o salão onde decorreu o almoço de confraternização foi pequeno para tantos convivas. Gente de todo o Algarve, do Alentejo, gente do BTT, muitos estrangeiros aqui residentes, mas sobretudo, e isso foi uma agradável surpresa, a presença de muitas mulheres e moças, que nos mostra que também elas são cada vez mais na prática deste desporto, e que num domingo de Janeiro, saltaram do aconchego das mantas para se fazerem ao frio e à estrada, mostrando a vitalidade deste desporto.
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