FILIPE CARDOSO, ciclista profissional da equipa, BARBOT EFAPEL, e vencedor da Prova de Abertura 2010, é o mais recente convidado do Cantinho das Estrelas do Algarvebike.
Filipe Duarte Sousa Cardoso que se diz amante dos U2 e que adora comer, quando pode, uma bela Francesinha acompanhada de uma bela Coca-Cola, viu-se este ano apanhado no imbróglio que envolveu a Liberty e quase vê o seu futuro fugir-lhe debaixo dos pés, não sendo pelo seu enorme valor, poderia ser mais um dos bons ciclistas nacionais a ficar sem equipa.
Com uma óptima prestação em terras algarvias na época passada, vencendo a Prova de Abertura numa chegada ao sprint e arrebatando a geral das Metas Volantes na 4ª Volta a Albufeira, onde fez ainda dois pódios na 2ª e 3ª etapas, mostra-se como um dos homens mais rápidos do pelotão português, sendo um sério candidato a ganhar já no dia 13 de Fevereiro a primeira prova do calendário nacional.
Algarvebike- Esta pré época foi muito atribulada com todo o caso da Liberty, da escassez de equipas e a falta de recursos financeiros que estas carecem, como viveste e sentiste toda esta situação?
Filipe Cardoso- Infelizmente vivi muito de perto e acabei por fazer parte desta história. Depois de no ano anterior ter passado pelos problemas da Ex Liberty Seguros, voltar a sentir na pele o fim de uma equipa da qual fazia parte foi muito mau.
Nas primeiras horas o mundo parece que pára e quase nem dá para acreditar, com o passar dos dias vamos caindo na real e parece que o complicado se complica ainda mais.
Este projecto tinha para mim um sabor especial, sou natural de S. João de Ver e Vice Presidente desta equipa, era um sonho tornado realidade correr como profissional em Santa Maria da Feira.
Agora que recuperei a vontade de treinar só quero esquecer este episódio e esperar por melhores dias.
Algarvebike- Sentis-te que a tua carreira poderia estar em risco, não pela tua falta de valor que todos já conhecemos, mas pela escassez de equipas e de recursos financeiros?
F. C- Na verdade foi tudo muito rápido, e logo que a Liberty terminou existiram alguns contactos, não senti que pudesse ser o fim da carreira, mas como é óbvio o novo contrato foi bastante prejudicado, dada a data avançada em que todas as equipas já tinham os orçamentos muito “esticados”, de todas as formas agradeço ao Sr. Carlos Pereira (BARBOT-EFAPEL) pela oportunidade e pelo interesse demonstrado.
Algarvebike-Relativamente aos bons valores do ciclismo que tiveram de abandonar a modalidade e os que tiveram em risco de o fazer, já que és amigo pessoal de alguns deles, como estão eles a viver toda esta situação e o que partilham contigo?
F.C – Para já estão ainda algo revoltados com toda a situação, ainda para mais todos eram bons ciclistas que rejeitaram e saíram de outras equipas para agora não terem para onde ir. Sinceramente e pelo que tenho falado com alguns deles, penso que o pior ainda está para vir, assim que começar a época vão sentir ainda mais o facto de já não estarem nas estradas a competir.
Acho que ciclistas como Vítor Rodrigues e Marco Coelho (campeão nacional sub-23), vão sentir toda a vida a frustração de acabar desta forma, eu próprio custa-me sair para treinar e não os encontrar na estrada.
Algarvebike- Felizmente conseguiste integrar um bom projecto, através da equipa do Barbot Efapel, como surgiu esta hipótese?
F.C – Assim que soube do fim antecipado da Liberty entrei em contacto com a empresa que me representa VELOFUTUR, eles acompanharam o caso e conseguiram transmitir-me alguma tranquilidade, entretanto eu próprio tive conversas com o Carlos Pereira que desde o inicio mostrou interesse, interesse esse partilhado também por mim, e foi assim que acabamos por chegar a um acordo.
Já a equipa tinha bastantes ciclistas, e outros tantos a quererem entrar, portanto tenho que estar contente por ter sido um dos escolhidos.
Algarvebike- O que podemos esperar do Filipe Cardoso e da sua equipa para esta nova época que está prestes a arrancar?
F.C – Tendo em conta o panorama actual do ciclismo, penso que a Barbot-Efapel acaba por conseguir estar em corridas interessantes como a Volta ao Algarve, Castilla e Leon, e Astúrias, são corridas que já conheço de outros anos e que gostava de estar bem.
Em relação ao inicio da época e depois da pré-época atribulada não sei bem o meu estado de forma, vou esperar pelas primeiras corridas para saber como estou e o que tenho de melhorar.
De mim, podem esperar um Filipe Cardoso a tentar disputar sprints, contra-relógios curtos e lutar por etapas com media montanha, claro que sempre que for necessário ajudar algum colega de equipa, quando essa for a minha missão.
A meu ver a Barbot-Efapel tem uma equipa capaz de estar a discutir todas as corridas de Fevereiro a Outubro, dentro e fora de Portugal, uma equipa que mistura experiencia com juventude e que junta ciclistas que já se conhecem há muitos anos.
Algarvebike- Que papel terás no seio da equipa?
F.C – Isso será muito relativo, conto ter as minhas oportunidades de tentar vencer e claro trabalhar para a equipa sempre que o tiver que fazer.
Algarvebike- O ano passado fizeste uma óptima época logo a destacares-te com a vitória na Prova de Abertura, este ano podemos ter o Filipe Cardoso ao nível do ano passado para poder ganhar esta prova?
F.C – Como disse anteriormente, não sei bem o meu estado de forma nem o dos meus adversários, tenho treinado bem, mas sempre sozinho sem termo de comparação com outros ciclistas, penso que com a preparação relativamente atrasada em relação ao ano anterior, espero entrar na época num estado de forma que me permita estar na disputa das corridas.
Algarvebike- Não sabemos se irás integrar a equipa para a Volta ao Algarve, mas acreditamos que sim. Como esperas encarar esta prova, já que o nível é altíssimo e o percurso oferece algumas dificuldades?
F.C – Sim, se nada acontecer vou estar na Volta ao Algarve. Eu gosto muito desta corrida, e desde já os parabéns a quem a organiza. Na minha opinião a volta ao Algarve é uma corrida que nós Portugueses estamos algo prejudicados, é a nossa primeira corrida, ao contrario das equipas estrangeiras, que já competiram ou então treinaram em sítios com bom clima em estágios com a duração de semanas e na pratica nota-se bastante a falta de ritmo dos portugueses.
Por experiencia própria, em 2009, corri uma semana no mês de Janeiro com 40 graus, e na Volta ao Algarve senti que as pernas estavam bem mais rodadas.
Mesmo assim e dependendo do estado de forma vou tentar meter-me nas chegadas e ver até onde consigo ir no contra-relógio.
Algarvebike- Em termos de calendário não sei se já o tens definido? Quais serão as principais provas onde contas estar ao teu melhor nível?
F.C – Gostaria de estar num bom momento no Castilla e Leon, Astúrias e claro Volta a Portugal, isto muito por alto, com o desenrolar da época logo se verá.
Algarvebike- Considerando que este ano cumpres os 27 anos e estás no equador da tua carreira como ciclista, até onde podemos ver o Filipe Cardoso chegar e quais os teus objectivos de carreira?
F.C – Espero em primeiro lugar que os problemas de final de época tenham terminado já que foram dois anos muito complicados para mim, mas tenho o objectivo de integrar uma equipa com um rico calendário internacional, esse é o meu principal objectivo a curto prazo. É uma pena que a minha geração recheada de valores esteja a passar por tantos problemas neste desporto tão bonito que é o ciclismo.
Obrigado.
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